domingo, 28 de outubro de 2012

POSSO TIRAR UMA FOTO?


“Que vista linda! Posso tirar uma foto? É pra levar pra meus colegas verem lá no meu Estado. É que lá a vista é pros outros prédios.”
Praia da Avenida hoje
Praia da Avenida nos anos 50/60
Quem disse isso foi um advogado que veio de fora fazer audiência trabalhista por aqui. Muitos dos que nos visitam fazem questão de registrar, de falar, de dizer que somos privilegiados por trabalhar vendo esta paisagem. Realmente uma linda vista: o riacho Salgadinho a desaguar na praia da Avenida, o porto, o mar, o horizonte. Olho-os com admiração. Com grata admiração pela boniteza. Com pesarosa admiração por não conseguir compreender como nosso querido riacho Salgadinho pode ser tão maltratado, tão desprezado, tão ignorado e permanecer contaminando diuturnamente a nossa exuberante praia da Avenida e nenhum político que enche os pulmões e a jugular pra dizer que ama esta cidade ainda não teve peito pra estancar as fontes da podridão que contamina o nosso querido riacho Salgadinho a desaguar na nossa exuberante praia da Avenida. Pensar que esta praia, não faz muito tempo, era frequentada pelas famílias maceioenses e hoje o que vemos é uma praia deserta, praticamente só visitada por urubus, é revoltante. Uma cidade como a nossa, com uma desigualdade social absurda, cercada de favelas e de gente pobre e miserável, não pode se dar o luxo de desperdiçar o seu potencial turístico dessa maneira, tendo uma praia no Centro da cidade que poderia estar trazendo trabalho e renda para os maceioenses, além de lazer, é claro. A limpeza do Salgadinho passa pela solução de um  problema crucial de saúde pública: a falta de saneamento básico. Esgotos residenciais e até industriais desembocam no curso do riacho Salgadinho. Segundo a CASAL, apenas 27% de Maceió é saneada (a média do nordeste é 26%). Com investimentos do PAC, o número deverá chegar a 40%. Isso deve refletir um pouco no nível de poluição do Salgadinho, mas não resolve. É preciso de uma intervenção específica, um tratamento de despoluição e de revitalização desde a sua nascente, lá no Tabuleiro. Tecnologia tem. Dinheiro corre-se atrás. Agora a vontade de fazer, aí é outra história.