sexta-feira, 16 de novembro de 2012

BRIGADEIRO NOSSO DE CADA FESTA

Foi-se o tempo em que a imagem que me vinha à mente quando pensava em brigadeiro era daquela bolinha marronzinha envolvida no chocolate granulado assentada sobre uma forminha de papel. Os tempos mudaram...até pros brigadeiros. Já não se fazem festas como antigamente. Os brigadeiros sofisticaram-se, estão com novas e modernas roupagens. Agora se apresentam de tacinhas plásticas, vidrinhos, colheres, bisnagas de alumínio (antigamente só pomada e pasta de dente vinham em bisnaga rsrsrs) e onde mais a imaginação dos buffets os levar...lindos! Uma perfeição de brigadeiros, não fosse um monte de plástico, vidro e metal que sobram após o seu consumo e cujo destino é o lixo. Precisamos mesmo fazer festas assim? Não era pra gente estar fazendo exatamente o contrário, especialmente em época em que urge consumirmos de forma mais consciente? Será que quando optamos por gastar tanto material não estamos na contramão preservação do meio-ambiente e consequentemente do planeta? Antes brigadeiro, pra mim, era só sinônimo de festa. Hoje é sinônimo de festa + lixo. Gostei não da mudança. Mudar, pra mim, só se for pra melhor.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

MULHERES ENCALHADAS

Não há nada mais contraditório do que uma mulher machista. Não é culpa dela, claro. Nossa sociedade ainda é machista e consequentemente muitas mulheres o são, mesmo sem sentir, sem querer, sem pensar, sem se dar conta. 
Ainda escutamos, por exemplo, alguém (mulher) dizer que fulana está "encalhada" porque não namora faz um tempão, ou porque já passou dos 30 e ainda não casou. E, pasmem, se ela quiser "desencalhar", há blogs (de mulheres) dando dicas!  E o que dizer de uma revista de grande circulação nacional se referir a uma famosa como "cinquentona, feliz e desencalhada"? Dá pra imaginar a mesma revista fazendo alusão a um famoso como "cinquentão, feliz e desencalhado"? Ah, de jeito nenhum! Homens não encalham. Esses estão solteiros por livre e espontânea vontade. 
Mas que mal há nisso? Tem gente que até acha engraçada a expressão. Mas machismo é coisa séria. Não tem a menor graça. Porque o machismo que está na cabeça se reflete no falar e mais adiante ou concomitantemente no modo de agir (ou na inércia) da mulher. Mulher não é mercadoria para encalhar na prateleira. Quando essa expressão é reproduzida, coloca a mulher solteira num patamar de inferioridade com relação àquelas que foram "escolhidas" para serem "consumidas" pelo homem, e isso se reflete na sua auto-estima. E o que acontece com as outras que estão acompanhadas? Elas correm o risco de estarem mal acompanhadas e assim permanecerem, só para não receberem a "pecha" de mulher "encalhada", ainda que vivam sendo humilhadas, maltratadas, ignoradas, traídas por seus homens, isso quando não sofrem diversas outras formas de violência. 
Fonte: Revista Veja, Edição 2314, 27/03/2013, p.66.
Outra expressão que se ouve por aí (dita inclusive por mulheres) é que "só tem mulher quem pode". Mais uma vez, a mulher se coloca como objeto de consumo. A mulher, então, se equipara aos outros bens do homem. Só tem carro quem pode encher o tanque, pagar os impostos, fazer seguro. Só tem mulher quem pode sustentá-la e pagar os seus "luxos". E, assim, a relação da mulher com o homem, não se estabelece num patamar de igualdade. E que papel desempenha a mulher numa relação como essa? Tem ela verdadeira autonomia sobre sua vida? É preciso ter muito cuidado com essas e outras expressões aparentemente inocentes (e isso vale para as mulheres e para os homens)...porque as palavras têm força e às vezes, sem sentir, sem querer, sem pensar, sem nos darmos conta, estamos ajudando a perpetuar toda sorte de desigualdade que oprime, sujeita, adoece e até causa a morte da mulher.