sexta-feira, 13 de julho de 2012

MATEUS 19, 13-15


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MATEUS 19, 13-15
Foram-lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e orasse por elas. Os discípulos, porém, as afastavam. Disse-lhes Jesus: Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus pertence a elas. E, depois de impor-lhes as mãos, continuou seu caminho.
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Nesta passagem, Jesus, sabiamente, nos lembra do quanto as crianças são preciosas, a tal ponto de dizer que o Reino dos céus lhes pertence.  Diz o texto, ainda, que “...depois de impor-lhes as mãos, (Jesus) continuou seu caminho.” Jesus estava a caminho. Por certo, multidões esperavam Jesus ali ou acolá para ouvi-lo. E Jesus tinha muito o que pregar às multidões. Afinal, foi para isso que ele veio à Terra. Os discípulos sabiam disso, não queriam que o Mestre se atrasasse (aquela pressa habitual de quem tem agenda lotada) e quiseram impedir a aproximação das crianças. Tentaram afastá-las. Mas Jesus parou. Deu atenção pras crianças. Abençoou-as. Não as deixou em segundo plano. As multidões podiam esperar um pouco. Que cuidado, carinho e atenção Jesus dispensou às crianças!
Não foi por acaso que ele nos deixou esta mensagem. A palavra de Jesus não pode se limitar a meras constatações. Deve produzir frutos. Jesus certamente não deseja que olvidemos as crianças. Muito pelo contrário. Ele está querendo dizer mais ou menos assim: “Você, que almeja o Reino dos céus, preste atenção nas crianças, tenha o coração de criança, ora. É simples.” Jesus nos impõe uma reflexão: Qual é a nossa pressa que nos impede de pararmos e olharmos para elas com mais atenção? Jesus veio salvar a humanidade, mas não teve pressa. Parou para elas.
Quem sabe, a partir de hoje, possamos lançar um outro olhar às nossas crianças. Não subestimemos a riqueza de sua sabedoria, quantas lições elas tem a nos ensinar. E nós, muitas vezes, achamos que elas é que precisam aprender conosco. Esquecemos que não há ensino sem aprendizado. Mas é necessário estarmos atentos. Ouvidos e coração atentos. Até porque, por vezes, ao invés de ensinarmos, elas é que nos dão a lição. Qual criança pequena, por exemplo, negaria um sorriso para alguém, independentemente de ser a pessoa mais rica do mundo ou um mendigo, ou de ser um santo ou um pecador? Qual criança vai deixar de gostar de alguém pelas roupas que veste, pela cor da pele, pelo sotaque, pelo modo de enxergar a vida, pelas convicções políticas, filosóficas ou religiosas? Qual criança fica triste por mais do que alguns instantes e depois não volta a brincar e sorrir, sem guardar mágoa alguma? Esses são apenas alguns exemplos.
É interessante nos lembrarmos de que todos nós fomos crianças um dia. As mesmas às quais Jesus se refere. Acontece que à medida que crescemos, deixamos para trás a inocência e a simplicidade da criança que nós mesmos fomos. Porque então deixamos que se desenvolvessem em nós alguns sentimentos dos quais hoje lutamos para nos livrar? Muitas foram as causas para que isso acontecesse e que nos levaram a nos afastar de nós mesmos, da nossa essência mais pura e, sem querer, tomamos caminhos outros que, ao invés de nos levar ao Reino dos céus, dele nos afastamos cada vez mais. Certamente, não foi de propósito, não era isso que realmente desejávamos.
Infelizmente, à medida que vamos crescendo, começamos a dar valor a muitas coisas que de fato não têm a menor importância. Criamos uma série de necessidades psicológicas e condicionamos nossa felicidade a sua satisfação. Poluímos nossa mente e nosso coração. Começamos a nos encher de sentimentos que nos deixam pesados e tristes e muitas vezes tiramos a paz dos nossos irmãos por conta da nossa intolerância com sua maneira de ser da qual discordamos com veemência. Sentimo-nos cheios de orgulho e olhamos para o outro com ar de superioridade por acharmos que somos os donos da verdade no campo da fé. Deixamos de viver o presente, cheios de mágoas e de sentimentos mesquinhos, ou então ansiosos com o futuro o qual não sabemos se existirá para nós.
Talvez esteja na hora de tentarmos retomar a inocência e simplicidade perdidas ao longo dos anos, ou parte dela ao menos. Fazermos o caminho inverso, iniciarmos hoje mesmo uma faxina mental e espiritual, para voltarmos à nossa essência. Realmente não foi à toa que Jesus nos chama a atenção para as crianças. Talvez olhando com mais atenção para o seu jeito de ver o mundo, enxerguemos com mais nitidez o verdadeiro caminho que nos leva ao Reino dos céus, o qual, antes de tudo, começa a partir de uma reforma do nosso próprio interior.

Um comentário:

  1. As crianças naquela Palestina do tempo de Jesus, Patrícia, não tinham valor. A pressa dos discípulos vem também dessa realidade de exclusão dos pequenos. Jesus e seu projeto de amor, chamado Reino de Deus, tem um princípio e um práxis: "elevar os humildes", por isto dar valor a quem não tem.

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