terça-feira, 10 de julho de 2012

Nosso olhar


O olhar que lançamos para o mundo e para todas as pessoas não é apenas o olhar proporcionado pelo nosso extraordinário aparelho ocular. Na pequena fração de segundos em que uma imagem captada pela nossa retina chega ao nosso cérebro, junto com ela, nesse ínfimo espaço de tempo, chegam juntos, indissociavelmente, a visão do mundo formada e sedimentada no nosso espírito, através do conjunto de crenças e valores por nós assimilados diuturnamente desde que nos entendemos por gente.
Somos 7 bilhões de seres humanos habitando nosso planeta neste exato momento. Se pararmos para imaginar a diversidade de pensamentos, de ideologias, de crenças, de culturas, de maneiras agir e enxergar o mundo é impressionante. E são culturas dentro de culturas. O que é natural para uns é absurdo para outros. E dentro desse caldeirão estamos nós.
E nós mesmos bem sabemos que, muitas vezes, o que acreditávamos ser absolutamente verdadeiro há algum tempo, de repente vem alguém nos diz algo que nos faz refletir sobre o assunto e desconstroi completamente aquele conceito anterior que tínhamos. E, até sem querer, mudamos a nossa maneira de enxergar aquilo. E daí em diante, nunca mais vamos olhar para aquele assunto da mesma forma.
Isso quer dizer que todos nós estamos nos construindo a cada dia. Ao contrário do que acontece com nosso aparelho ocular, que à medida que envelhecemos, começa a apresentar problemas e temos que recorrer a óculos e cirurgias, o olhar que temos sobre o mundo a partir de nossos valores e das nossas mudanças só deve melhorar a cada dia.
A partir da compreensão de que não somos os detentores da verdade, de que nós mesmos estamos diuturnamente em processo de mudança e que no máximo vamos encontrar uma dúzia de pessoas que concorda conosco em alguns pontos e outras cinco dúzias que discordam em vários outros , poderemos lançar um olhar menos crítico para os outros, aceitando as pessoas como elas são e pensam, sem julgamentos.
O ideal é que apenas vivamos a nossa vida de acordo com nossas convicções, porém sempre com a mente aberta para ouvir o outro, e que estejamos sempre dispostos a nos questionarmos acerca das nossas “verdades”. Diferente disso, corremos o risco de perdemos ótimas oportunidades para crescermos como pessoa.
É claro que isso é uma via de mão dupla. À medida que expomos nossa maneira de pensar, não só através de palavras, mas também através das nossas atitudes, corremos o risco de influenciar quem nos cerca a também rever suas próprias convicções. Mas isso não pode implicar o distanciamento das pessoas. Muito pelo contrário. Deve dar margem ao diálogo entre os diferentes e, assim, todos saem ganhando.

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