O olhar que lançamos
para o mundo e para todas as pessoas não é apenas o olhar proporcionado pelo
nosso extraordinário aparelho ocular. Na pequena fração de segundos em que uma
imagem captada pela nossa retina chega ao nosso cérebro, junto com ela, nesse
ínfimo espaço de tempo, chegam juntos, indissociavelmente, a visão do mundo formada
e sedimentada no nosso espírito, através do conjunto de crenças e valores por
nós assimilados diuturnamente desde que nos entendemos por gente.
Somos 7 bilhões de
seres humanos habitando nosso planeta neste exato momento. Se pararmos para
imaginar a diversidade de pensamentos, de ideologias, de crenças, de culturas,
de maneiras agir e enxergar o mundo é impressionante. E são culturas dentro de
culturas. O que é natural para uns é absurdo para outros. E dentro desse
caldeirão estamos nós.
E nós mesmos bem sabemos
que, muitas vezes, o que acreditávamos ser absolutamente verdadeiro há algum
tempo, de repente vem alguém nos diz algo que nos faz refletir sobre o assunto
e desconstroi completamente aquele conceito anterior que tínhamos. E, até sem
querer, mudamos a nossa maneira de enxergar aquilo. E daí em diante, nunca mais
vamos olhar para aquele assunto da mesma forma.
Isso quer dizer que
todos nós estamos nos construindo a cada dia. Ao contrário do que acontece com
nosso aparelho ocular, que à medida que envelhecemos, começa a apresentar
problemas e temos que recorrer a óculos e cirurgias, o olhar que temos sobre o
mundo a partir de nossos valores e das nossas mudanças só deve melhorar a cada
dia.
A partir da compreensão
de que não somos os detentores da verdade, de que nós mesmos estamos
diuturnamente em processo de mudança e que no máximo vamos encontrar uma dúzia
de pessoas que concorda conosco em alguns pontos e outras cinco dúzias que
discordam em vários outros , poderemos lançar um olhar menos crítico para os
outros, aceitando as pessoas como elas são e pensam, sem julgamentos.
O ideal é que apenas
vivamos a nossa vida de acordo com nossas convicções, porém sempre com a mente
aberta para ouvir o outro, e que estejamos sempre dispostos a nos questionarmos
acerca das nossas “verdades”. Diferente disso, corremos o risco de perdemos
ótimas oportunidades para crescermos como pessoa.
É claro que isso é uma
via de mão dupla. À medida que expomos nossa maneira de pensar, não só através
de palavras, mas também através das nossas atitudes, corremos o risco de
influenciar quem nos cerca a também rever suas próprias convicções. Mas isso
não pode implicar o distanciamento das pessoas. Muito pelo contrário. Deve dar
margem ao diálogo entre os diferentes e, assim, todos saem ganhando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita! Quero saber o que achou, comente aqui!